Antropologia é Ciência
Motivado por uma recente polêmica internacional sobre essa questão, Luiz Fernando Dias Duarte comenta, em sua coluna de estreia, as tensões existentes entre a faceta científica e objetivista e o lado interpretativo e subjetivo dos vários campos do conhecimento.
Por: Luiz Fernando Dias Duarte
Publicado em 11/02/2011 | Atualizado em 11/02/2011
A antropologia abrange desde propostas que valorizam mais o cientificismo, como a do sociólogo francês Émile Durkheim (à esquerda), até modelos mais interpretativos, como o do sociólogo alemão Max Weber (à direita). (fotos: Wikimedia Commons)
No começo de dezembro de 2010, um artigo publicado no The New York Times com o mesmo título acima desencadeava uma polêmica internacional. O texto foi escrito a partir da constatação de que um documento programático da prestigiosa Associação Antropológica Americana (AAA) deixava de mencionar a categoria ‘ciência’ entre os objetivos da associação e levantava diversas dúvidas sobre o sentido dessa decisão, umas mais políticas, outras mais epistemológicas.
A posterior declaração oficial da associação de que não tinha havido uma intenção específica para a controversa ausência não amainou a celeuma.
A questão que aí se apresenta não é específica da antropologia, nem do conjunto das ciências humanas, mas abrange todo o empreendimento em que se construiu a ambição de um conhecimento objetivo, não mediado e sistematicamente controlado sobre a chamada ‘realidade’.
O projeto iluminista de esclarecimento racional universal permanece mais vivo do que nunca
O projeto iluminista de esclarecimento racional universal baseado na redução e controle das circunstâncias empíricas dos fenômenos naturais começou a se institucionalizar no século 17, sobretudo a partir da poderosa obra do físico e matemático inglês Isaac Newton (1643-1727).
E hoje permanece mais vivo do que nunca, alimentado pelo crescente poderio da tecnologia derivada das ciências naturais e pela