Anos 90 Artes
A cena brasileira, se tem características próprias, não foge às tensões colocadas por uma situação de trânsito entre forças adversas. De um lado está o esgotamento do regime autoritário e os últimos momentos da ditadura militar; de outro está em pauta a transição para um estado democrático e a mobilização da sociedade civil para composição de uma perspectiva social e política. Talvez seja esta travessia dramática entre o velho e o novo que não só dá um sabor especial às produções artísticas que lhe correspondem, como também caracteriza as opções estéticas dominantes dos anos 80 e 90.
Se nestas duas décadas vai se tornar evidente a aparição de uma nova geração de autores, igualmente evidente, nas obras aparece um confronto de perspectivas que se clarifica ao longo dos últimos 15 anos.O que surge, no início dos anos 80, como arroubo libertário, alegria guerreira mobilizando contra todos os dogmas (inclusive os modernos), torna-se, ao final da década, dramaticidade exacerbada, luz melancólica que estende-se corrosivamente sobre os anos 90.
Expostos brutalmente os temas da morte e da vida, surgem imagens errantes, pluralidade de linguagens e procedimentos. Seu mote: o cosmos estremecido.
Vemos assim, que na virada para a década de 1990, há um desvio conceitual, ou melhor, a retórica vazia do “prazer da pintura” que comandou a sua glamourosa retomada no começo da década de 1980, foi sendo suplantada pela necessidade de rever o lugar e as possibilidades da pintura em um mundo poluído visualmente e onde a contaminação dos meios – imagem/palavra/forma/espaço/movimento – foi gerando linguagens visuais impuras e híbridas. Ninguém melhor do que o cearense José Leonilson para falar deste momento. Sua obra de curta duração – interrompida pela