anorexia
Este é um guest post da minha leitora Cris, que tem 31 anos e mora em SC. Eu pedi pra ela escrever um texto sobre sua experiência com a anorexia e ela aceitou. O relato não é novidade para quem conhece blogs sobre distúrbios alimentares. Esses blogs existem, e são muitos. Neles, que são chamados carinhosamente pelas autoras de pró-ana e mia (anorexia e bulimia), meninas relatam seus objetivos(emagrecer sempre), dão dicas de como induzir o vômito e de como enganar os pais sobre não estar passando fome. Mas esses blogs variam muito. Há desde os que incentivam amagreza absoluta aos que já se conscientizaram que a anorexia não é um bom negócio e tentam sair. Mais de 10% das pacientes de anorexia morrem. Cris é uma sobrevivente.
Quando eu era pequena meus pais achavam bonitinho eu ser “fofinha”. Só que o que era tão fofinho quando eu era criança começou a incomodá-los conforme eu ia crescendo. Eles achavam que se apontassem meu “defeito com o peso” 24 horas por dia, eu perceberia meu erro e mudaria.Constantemente escutava meu pai elogiando as meninas que faziam balé e tinham um corpo lindo, como um pequeno lembrete de que eu deveria ser como elas. Ser uma das melhores alunas na escola não importava. O importante era ser magra, e não ser inteligente. Ser bonita era fundamental. Minha mãe tinha um método especial de apontar como eu estava gorda: quando uma roupa não servia em mim porque eu havia engordado, ela experimentava a roupa e dizia: “Vê como está larga em mim? É impossível que não caiba em você”.Com 12 anos eu pesava 47 kg. É óbvio que eu não era gorda, mas eles achavam que sim e eu acreditava em tudo que me diziam. Convivia com comentários ácidos a respeito de tudo que comia. Quanto mais falavam, mais eu tinha necessidade de comer. Comecei a comer escondido. A partir dos 12 anos comecei a fazer dietas, ficava dias sem comer e quando desistia da dieta comia tudo e mais um pouco. Acabava engordando com a compulsão