Anomia
O conceito de anomia se torna consequência do acelerado desenvolvimento econômico e de suas profundas alterações sociais, com o surgimento do capitalismo e da tomara da razão. Através disso, vários valores tradicionais, ligados à concepções religiosas, foram deixados de lado, permitindo a existência de uma certa lacuna no indivíduo. Ele passa a não ter consciência do porquê está ali. Exatamente isso é o que se entende por anomia: a perda da identidade, a falta de objetivos, o desaparecimento da afetividade, e o desmoronamento das normas e dos valores vigentes. No século XIX, muitas pessoas viviam marginalizadas em relação a comunidade, encontrando-se em condições miseráveis, desempregadas e enfermas. Ora, aquela cidade estava doente, e não poderia ser ignorada. O nome então dado a essa sociedade foi de “anomana”. Seguindo o exemplo de um organismo biológico, onde cada órgão desempenha uma função e depende dos outros para se manter, cada indivíduo exerce um posto na divisão do trabalho, e terá obrigações através de um sistema de direitos e deveres, tendo a necessidade de se conservar como uma parte do todo, interiorizado, e não simplesmente mecânico.
Émile Durkheim, em seu livro O Suicídio, utiliza esta expressão para demonstrar que algo na sociedade não está operando de maneira harmônica. Algo desse sistema está funcionando de forma patológica ou “anomicamente”. Em seu estudo sobre o suicídio, ele apresenta os fatores sociais, principalmente os presentes na sociedade moderna, exercendo profunda dominação sobre a vida dos indivíduos com comportamento suicida.
Durkheim define o Suicídio Anômico como sendo a ausência de regras para a conduta do ser humano; a vida dele só tem sentido quando está integrado na sociedade e a existência desse vazio é contrária a isso. Vale lembrar que o suicídio não se constitui apenas com a morte física, mas também com a fuga social.