analise literatura sanscrita markandeya-purana

O presente trabalho tem por intuito fazer uma analise do Décimo terceiro capitulo do Markandeya-purana de acordo com os conceitos histórico-culturais aprendidos em aula, partindo primeiramente de uma contextualização da obra em que o trecho em questão está inserido. Vamos efetuar essa analise em três etapas: primeiramente vamos contextualizar o trecho quanto ao gênero de literatura sanscrita à que pertence (purana), depois contextualizaremos o trecho em relação ao livro do qual foi extraído (o Markandeya-purana, e mais especificamente o Devi-Mahatmya) e finalizaremos com a analise do trecho em si. O Markandeya-purana pertencente à um gênero textual sanscritos chamada Purana ("relatos antigos"), que são textos escritos em versos, feitos para serem recitados, em geral publicamente. Esses textos se autointitulam como uma nova fonte de saber ancestral, com uma autoridade comparável aos Vedas mas mais adequados ao período cósmico atual (kali-yuga), considerado inferior às eras anteriores. Diante disso, os puranas tentam se estabelecer como uma fonte melhor de saber, que ensinam ritualísticas diferentes das védicas e reorganizam ou atualizam os ensinamentos dentro do contexto da era "degradada" atual, tornando-os adequados melhores que os Vedas, que passam a serem considerados "perfeitos" demais para serem seguidos no kali-yuga. O traço fundamental dos puranas é a assimilação do bhramanismo, o núcleo mais ortodoxo do hinduísmo que baseia todo seu saber e autoridade nos Vedas,em relação às demais práticas (normalmente regionais), pegando os principais elementos e adaptando-os ou integrando-os às doutrinas bhramanicas. Essa assimilação, contudo, também traz um traço de conflito com o bhramanismo pois incorporam práticas que removem parte do centralismo da figura do bhramani, abre espaço para uma prática mais individualizada e flexibiliza a mitologia, abrindo espaço para outras divindades, que em geral são incorporadas como personificações dos principais