Analise do livro "Til"
A solução apresentada pela narrativa segue o modelo romântico. Com sua intuição exacerbada e o poder de pressentir os perigos que rondam as personagens, Berta aparece como um instrumento divino, capaz de escrever certo por linhas tortas. Em seu apelido, aliás, encerra-se a ideia da linha torta: til.
Berta acolhe os marginalizados porque é capaz de perceber-lhes a nobreza de caráter, distribui amor porque é piedosa e compreensiva, vive à margem do autoritarismo local porque sabe que os valores verdadeiros se dão na esfera do ser e não do ter, da posse, do poder. Por essa razão, termina por rejeitar a paternidade do rico Luís Galvão e aceitar a de Jão, seu protetor desde sempre.
A tendência de Berta à generosidade e ao sacrifício pelo outro definem seu destino. Ela termina a história sem seu grande amor, Miguel, mas, mesmo assim, pode-se dizer que seu final é feliz, já que aceita a condição de protetora dos despossuídos.
Essa solução plena de piedade, no entanto, não significa que se cria no romance um mundo incapaz de conviver com a punição. Os maus precisam ser castigados na medida de sua maldade, e o são. Não por acaso, a eliminação dos vilões se dá na presença do fogo, representação da purificação, da limpeza espiritual.
A mesma purificação se dá com Jão Fera. Sob a proteção de Berta, regenera-se e aceita o trabalho digno da enxada em