Anabolismo
CADERNO CATARINENSE DE ENSINO DE FÍSICA, FLORIANÓPOLIS, V.19, N. ESPECIAL,: P. 727, FÍSICA, 7 JUN. 2002.
Fernando Lang da Silveira Fernanda Ostermann Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS Instituto de Física Caixa Postal 15051 91501-970 Porto Alegre, RS Brasil Endereços eletrônicos: lang@if.ufrgs.br , fernanda@if.ufrgs.br Resumo O objetivo deste trabalho é apresentar argumentos que ilustrem a insustentabilidade da lógica indutiva como método de produção de conhecimento, a partir de um exemplo de prática de laboratório usualmente realizada nas aulas de Física – a "descoberta da Lei do Pêndulo Simples". Apesar do empirismo-indutivismo constituir-se atualmente em uma teoria do conhecimento ultrapassada entre os epistemólogos, filósofos e historiadores da ciência, ela ainda sobrevive no ensino da Física. Pode-se constatar o predomínio dessa visão através, por exemplo, de pesquisas sobre concepções de professores, de análises de livros didáticos de Ciências e/ou de Física, de manuais de laboratório e de documentos oficiais. I. Introdução A partir de 1930, com os trabalhos de vários epistemólogos e historiadores da ciência, a concepção empirista-indutivista de ciência começou a ser mais fortemente questionada. Ainda na Antigüidade Clássica, Aristóteles (384 332 a.C.) propusera o chamado método indutivo-dedutivo para a produção de conhecimento, mas é no século XVI que a sistematização feita por Bacon (1561 1626) torna essa visão hegemônica. Apesar da disputa entre racionalistas e empiristas reportar-se a Platão (428/7 348/7 a.C.) e seu discípulo Aristóteles e perpetuar-se ao longo da história do pensamento ocidental, foi com o advento dos grandes desenvolvimentos científicos renascentistas que a visão baconiana começou a se consolidar como a resposta óbvia e inquestionável ao problema da natureza da ciência. A partir do século XVII, os