AN LISE SOCIOL GICA DE O CORTI O

3239 palavras 13 páginas
ANÁLISE SOCIOLÓGICA DE O CORTIÇO, DE ALUÍZIO AZEVEDO

Introdução
A presença do outro, a convivência entre dominantes e dominados é presença constante em qualquer relação social. No caso da pobreza, essas relações de força, amiúde concorrem para a constituição de um quadro de segregação. Esse estudo tem como objetivo geral estudar as sociabilidades dos pobres no contexto da explosão demográfica, do processo de favelização, no caso do Rio de Janeiro, e a adaptação dos pobres a esse fenômeno. Em um primeiro momento, pensamos o pobre como sujeito a ser disciplinado para os intentos capitalistas. Na primeira parte, utilizamos Karl Marx como aporte teórico e na segunda parte dialogamos com Nicolau Sevcenko, buscando uma comparação entre a representação literária e o discurso historiográfico.
Naturalismo: o homem em sua naturalidade
Antes de adentramos na análise do romance, apresentaremos outro aspecto interessante da relação literatura e sociedade: a relação entre a escola naturalista. Conforme a abordagem naturalista, o homem é visto dentro de sua animalidade, sendo um produto do meio social no qual está inserido. No caso do cortiço, as personagens expostas a um ambiente hostil desenvolvem comportamento violento, bem como expõem sua sexualidade de forma aberta. O homem é dominado por seus instintos como bem revela o excerto a seguir: “Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra.” (AZEVEDO, 1995, p. 17).
E naquela terra encharcada e fumegante, naquela umidade quente e lodosa, começou a minhocar, a esfervilhar, a crescer, um mundo, uma coisa viva, uma geração, que parecia brotar espontânea, ali mesmo, daquele lameiro, e multiplicar-se como larvas no esterco. (AZEVEDO, 1995, p. 27)
Durante sua narrativa, Aluísio de Azevedo (1995) compara o cortiço a um organismo vivo. E suas personagens,

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