An Lise Da Cr Nica De Machado De Assis
A crônica, assim como grande parte da obra de Machado de Assis, trata-se de uma crítica à sociedade da época, usando principalmente a ironia, que é um de seus maiores trunfos. Nesta, o escritor compara um burro a um ser humano, provavelmente um negro, denunciando os maus tratos sofridos por eles naqueles tempos.
Logo no primeiro parágrafo, o autor já menospreza o “animal”, afirmando que as pessoas não darão importância para tal situação. Também vemos muito adjetivo para que ele fale apenas de um burro, nos deixando com a “pulga atrás da orelha”. Podemos ver ambas as afirmações no trecho: “...Receio achar no leitor menor gosto que eu para um espetáculo, que lhe parecerá vulgar, e porventura torpe. Releve a importância; os gostos não são iguais.”
No segundo parágrafo, o autor nos informa o lugar onde o burro se encontra: “Entre a grade do jardim da Praça Quinze de Novembro e o lugar onde era o antigo passadiço, ao pé dos trilhos de bondes, estava um burro deitado.”. Há uma grande simbologia ao redor dessa praça, primeiro por ser um centro político (sede do governo), econômico (comércio) e religioso (conventos e igrejas) da época. E também por ser uma grande praça pública, é o lugar aonde estava o pelourinho, onde os escravos eram castigados, trazendo ideia de que o “burro” era marcado pra morrer, depois de já ter sofrido bastante. No mesmo parágrafo, vemos o quão mal o burro estava: “Os ossos furavam-lhe a pele, os olhos meio mortos fechavam-se de quando em quando. O infeliz cabeceava, mais tão frouxamente que parecia estar próximo do fim.” Um pouco acima, vemos que já haviam construído o trilho dos bondes, então podemos supor que este era um trabalhador que puxava os bondes de tração animal, e que achava que, com a chegada dos bondes elétricos, teria algum descanso. Enganou-se, é claro.
No terceiro parágrafo, percebemos uma forte ironia de Machado. Primeiro, ele compara o burro a um ser humano recebendo