Amor
Amor é pensar em dizer me-liga e receber um SMS ao mesmo tempo. É fazer compras juntos. É passar a tarde inteira esperando ela fazer o cabelo ou ele sair do futebol com os amigos.
Amor é companhia. Tem um quê de infantilidade, eu sei. Mas quem é feliz sem um toque de imaturidade? Amor é dançar juntos sem saber dançar. É esperar o outro acabar de comer. É tomar banho juntos para não se atrasar – ou pelo prazer de lavar as costas um do outro. É se irritar com a barba arranhando o queixo e com os brincos gigantes que nos machucam quando vamos abraçar a pequena e tudo se embola: brincos, cabelos e nossas mãos ali perdidas.
Amor é se reinventar, eu sei. É querer, de boa fé, que o outro faça mais por ele. Estude mais. Trabalhe mais. Leia mais os contos do Coiro. Ouça só essa banda. Já viu a academia nova? Por que você nunca chega no horário? Por que você nunca está pronta no horário? Como você não gosta de comida japonesa? Como você nunca foi a um estádio de futebol? Como? Por quê?
Amor é um misto de perguntas sem respostas e respostas sem perguntas.
Amar é dividir: a cama (mesmo sabendo que essa divisão é injusta aos homens), as casquinhas de sorvete, os milkshakes de ovomaltine, o sofá e a vida. Amar é ter ciúmes de um cara que deu um beijo qualquer na pequena em novembro de 2001. Tão ridículo, mas incomoda. Como naquele ciuminho idiota que causa ao falar o nome da primeira namorada que o teu rapaz teve no verão de 2002 e durou apenas três meses.
Amar é idiota. É besta. É estúpido. É desnecessário – como todas as coisas inesquecíveis da vida.