Amor sem escalas
Ryan Bingham. Solteiro. Independente. Prático. Descolado. Frio. Seu trabalho? Demitir pessoas. Seu material? Uma maleta compacta e fácil de ser transportada. Seu veículo de trabalho? Avião. Objetivo? Alcançar 10 milhões de milhagens aéreas. O roteiro de Amor sem Escalas parece simples quando analisado superficialmente. Quando visto sob uma ótima mais aprofundada, o que era clichê torna-se inovação, o que era previsibilidade torna-se surpresa e o que era simples torna-se complexo. "Up in the Air" é um dos filmes mais inteligentes e encantadores de 2009. Uma prova de que a carreira de Reitman vai de vento em poupa, alcançando voos ainda maiores do que o esperado por muitos de nós. Este, na verdade, é o seu melhor trabalho.
E digo isso sem pestanejar. Jason Reitman é um diretor jovem, de apenas 32 anos. Sua filmografia conta com apenas dois filmes, fora este. Em 2008 ele recebeu a indicação ao Oscar de Melhor Filme e Direção por Juno, e no ano anterior, Obrigado por Fumar, o longa que lançou-o no mundo do cinema, foi indicado ao Globo de Ouro de Melhor Filme em Comédia/Musical. O diretor nascido em Montreal, entretanto, não demonstra inexperiência nem insegurança. 'Amor sem Escalas' é, acima de tudo, maduro. Um filme que passa sua mensagem com total competência e que não deixa a desejar em momento algum.
Como já foi dito, Ryan Bingham é um homem de meia idade. Sua especialidade é demitir pessoas, um ofício que ele não exerce em um lugar só. Bingham viaja praticamente todos os dias do ano, o que faz dele um passageiro sempre reconhecido por funcionários dos aeroportos. Para facilitar suas viagens, ao invés de bagagens, ele leva sempre a mesma maleta compacta. Dentro dela está tudo o que ele precisa, organizado com cuidado e capricho. Suas viagens são tão frequentes que ele já acumula valores inacreditáveis de milhas aéreas. Seu objetivo, porém, é alcançar a incrível marca de 10 milhões em milhagens, fato que só havia sido feito seis vezes na