AMIZADE
ANA ANGÉLICA
Lembro-me bem daquele dia. Era véspera de natal do ano 2003. Eu estava ansiosa. Não pensava em outra coisa e ficava andando de um lado para outro dentro de casa. Até que eles chegaram e a vi nos braços de minha mãe. Depois que todos da casa viram meu presente de natal, fui com ele para o quintal, coloquei-o entre minhas mãos. Olhei para aquela pequena bola de pelos que cabia na palma de minhas mãos e fiquei pensando qual seria o nome mais bonito para ela. No natal, não quis brincar com minhas bonecas, só queria saber do meu presente mais desejado, muito mais que uma barbie ou uma bicicleta, de toda a minha infância. Naquela noite de natal, coloquei nela uma roupinha de uma das minhas bonecas. Foi o começo de uma longa amizade.
Os anos foram passando. Quantas vezes mudamos de residência e eu dividia com ela a apreensão de viver em um lugar totalmente desconhecido, mas depois nos adaptávamos. Nas vezes em que ela ficava adoentada, eu rezava toda noite para que minha companheira se recuperasse logo. Ela era uma cachorra tranquila, tímida e diferentemente das outras cadelas da casa, não latia muito. Lembro do primeiro (e acredito que tenha sido o único) dia que ela latiu para outro cachorro. Tenho que ressaltar o orgulho que senti de minha cadelinha!
Tinha um comportamento educado. (Quase) todas as vezes que sentia vontade de fazer suas necessidades latia para que abrissem a porta e pudesse sair para o quintal, assim como latia para que abrissem novamente e ela pudesse voltar. Houveram dias de extrema raiva, quando ela resolvia latir no meio da madrugada e eu tinha que despertar dos meus profundos sonhos para abrir a porta para ela. Como também outros dias em que ela resolveu agir impacientemente e não esperar a sua vez de comer e latir enquanto eu comia, fazendo com que eu me assustasse e derramasse meu café em minha roupa.
Acredito que quem mantém uma relação de companheirismo com algum animal, às vezes se pega