Alcool e drogas ilicitas 2004
Vanja Maria Bessa Ferreira*
1.Meu paciente faz uso moderado de álcool. Como devo orientá-lo em relação ao uso concomitante de álcool e medicamentos anti-retrovirais?
O álcool aumenta os níveis séricos do abacavir em 41%. Bebidas alcoólicas também devem ser evitadas para aqueles pacientes que tomam o amprenavir em solução oral. A princípio, não há diferença na atuação do álcool em pessoas infectadas ou não pelo HIV. Um trabalho americano concluiu que não havia associação entre o uso de álcool e o desenvolvimento da doença aids em pacientes infectados pelo HIV.
O uso concomitante de bebidas alcoólicas com a didanosina potencializa a toxicidade desta substância, aumentando o risco de desenvolvimento de pancreatite nos pacientes que estiverem utilizando esta medicação. Além disto, é importante lembrar que pacientes HIV+ fazem uso de medicações variadas e que algumas associações destas medicações com o álcool produzem efeitos diversos, entre os quais podemos citar os ansiolíticos, que potencializam o efeito da embriaguez; e o metronidazol, cuja associação com o álcool pode causar uma psicose tóxica aguda. Cabe ainda lembrar que, sob o efeito euforizante do álcool, indivíduos soropositivos ou soronegativos podem se expor mais a práticas sexuais menos seguras.
*Psiquiatra. Superintendência de Saúde Coletiva da Secretaria de Estado de
Saúde do Rio de Janeiro. Membro do Conselho Técnico-editorial do Fórum
Científico HIV/AIDS.
2.O uso da maconha é contra-indicado em pacientes infectados pelo HIV?
Não foi, ainda, encontrada nenhuma associação entre o uso de maconha e a progressão da doença em pacientes HIV+ assintomáticos. Existem estudos sobre os efeitos do delta9 tetrahidrocanabinol (THC) no sistema imunológico, mas os resultados são inconclusivos. Recentemente, um estudo apresentou como resultado que o uso de maconha estava associado a uma discreta redução dos níveis de indinavir e de nelfinavir, sem nenhum efeito sobre a