Alberti e Alcino Soutinho

“A mão do artífice, na verdade, não passa de um instrumento para o arquitecto.”, Alberti [1]

ALCINO PEIXOTO CASTRO SOUTINHO nasceu a 6 de Novembro de 1930 em Vila Nova de Gaia e faleceu a 24 de Novembro de 2013 no Porto, vítima de cancro.

Alcino Soutinho habituou-nos com incríveis quadros a pastel de óleo, inúmeros esquissos, e uma grande qualidade de arquitectura e design traduzida nesses suportes. Uma das suas paixões foi sempre a pintura, e com esse talento completou o seu enorme trabalho. Desenhou mobiliário de muitas das suas obras, como o Museu Amadeo de Souza-Cardoso, a Câmara Municipal de Matosinhos (1981-88), Biblioteca Municipal Florbela Espanca (1994-2005), entre outros. Utilizando materiais tipicamente portugueses, Soutinho procurou expressar uma ideia num objecto uniforme e homogéneo, resultando num base projectual extremamente clara, a meu ver, baseada em pontos específicos que irei reflectir de seguida.
A nível de ensino presenciou todo o processo complexo e conflituoso da passagem da escola de arquitectura a faculdade da universidade do porto. Passando pelo ensino muito praticista, com uma base teórica, feita graças ao Professor Fernando Távora. Referindo que na escola de arquitectura da ESBAP a relação aluno-professor era completamente transparente, de grande cumplicidade e de um enorme grau de companheirismo.
Alcino Soutinho sempre admitiu a sua profunda inspiração nos grandes mestres modernos do séc. XX, como Le Corbusier, Alvar Aalto, entre outros, “No meu ponto de vista, devemos apropriar-nos dos nossos heróis não epidermicamente mas naquilo que há de mais profundo no seu pensamento” [2]. Toda a sua carreira, e a sua obra assentam nos princípios que Alberti enuncia de Beleza, Necessidade e Construção.
“A arte edificatória, no seu todo, compõe-se de delineamento e construção. Toda a função e razão de ser do delineamento resume-se em encontrar um processo, exacto e perfeito, de ajustar e unir entre si linhas e ângulos, afim de que,