Agora, ó josé, adelia prado, analise
Teu paletó abotoado de outro frio te guarda, enfeita com três botões tua dura paciência.
A mulher que tens, tão histérica, tão histórica, desanima.
Mas, ó José, o que fazes?
Passeias no quarteirão o teu passeio maneiro e olhas assim e pensas, o modo de olhar tão pálido.
Por improvável não conta o que tu sentes José?
O que te salva da vida é a vida mesmo, ó José, e o que sobre ela está escrito a rogo de tua fé:
“No meio do caminho tinha uma pedra",
“Tu és pedra e sobre esta pedra", a pedra, ó José, a pedra.
Resiste, ó José.
Deita José, dorme com tua mulher, gira a aldraba de ferro pesadíssima.
O reino do céu é semelhante a um homem como você, José. Adélia Prado
O poema estabelece uma relação com o poema de Carlos Drummond de Andrade “E agora José”, porém com a presença de elementos opostos da obra original. Na obra acima o personagem é visto de uma forma mais suave, ele agora já tem onde se encostar, duro agora é a sua paciência. Possui uma mulher, o que ele não tem na obra de Drummond, antes ele marchava agora ele passeia no quarteirão. Na obra em comparação a solução para a situação difícil de José era a morte, já no poema em questão a vida é a salvação. “No meio do caminho tinha uma pedra", “Tu és pedra e sobre esta pedra", a pedra é um obstáculo, mas o protagonista é maior que essa pedra, essa pedra é algo que o atormenta, e sua fé o estimula a resistir, deitar e dormir com sua esposa, girar um “lago de ferro” pesadíssimo. “O reino do céu é semelhante a um homem como você, José”. José era marido de Maria, seu nome significa “o que acrescenta, não busca ser melhor que ninguém, é uma pessoa de mente aberta” então, depois de tudo que ele sofreu na vida quando chegar ao reino do céu descobrirá que o reino é um homem como ele, na sua essência,