AFigueiredo Cabelo
6442 palavras
26 páginas
XXVI Reunião Anual daAssociação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais
Caxambu, outubro de 2002
GT 17- Relações Raciais e Etnicidade
“Cabelo, cabeleira, cabeluda e descabelada”: Identidade, Consumo e
Manipulação da Aparência entre os Negros Brasileiros
Ângela Figueiredo
2
XXVI Reunião Anual da
Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais
Caxambu, outubro de 2002
GT 17- Relações Raciais e Etnicidade
Cabelo, Cabeleira, Cabeluda e Descabelada:
Identidade, Consumo e Manipulação da Aparência entre os Negros Brasileiros
Ângela Figueiredo1
E
m 1994, realizei estudo pioneiro acerca do significado da manipulação do cabelo dos negros, em que demonstrei a relevância do tema tanto para entender melhor a dinâmica da classificação da cor quanto o discurso sobre a construção da identidade
2
negra. Naquele período eram inexistentes os estudos sobre essa temática, restando apenas algumas referências nos textos literários. Lembro-me, por exemplo, do personagem principal do livro O mulato, de Aloísio de Azevedo, e sua constante preocupação com o cabelo, uma vez que o cabelo crespo denunciava a sua origem racial. Contudo, o tema do cabelo é extremamente presente no cotidiano das mulheres negras, muitas gastam quantias significativas dos seus salários para ter um “cabelo bonito” aos seus olhos e aos olhos dos outros. Não é por acaso que parte significativa dos anúncios e propagandas da revista Raça
Brasil é sobre produtos para o cabelo, do mesmo modo que o maior número de anunciantes do Círculo Negro são profissionais que atuam na área de beleza e mais especificamente, cabeleireiros(as).3 Desse modo, um estudo sobre o cabelo permite não apenas entender a concepção e a construção da beleza, mas também o mercado que gira em torno da manipulação do cabelo.
Na pesquisa “Beleza Pura ...” observei a relação entre as práticas e os discursos existentes nas diferentes formas de usar o cabelo proveniente da fala das entrevistadas e
estabeleci