Adolfo Morales
Se Nova York pode ter uma ponte ligando-a ao Brooklyn, por que não poderia o Rio de Janeiro ligar-se a Niterói? Adolfo Morales de los Rios não só se fez a pergunta como propôs uma resposta engenhosa: entre os lados opostos da Baía de Guanabara se ergueria uma imensa estrutura metálica com a mesma tecnologia utilizada nos Estados Unidos.
A Ponte Rio-Niterói levaria mais de meio século para sair do papel, e muito diferente do gigante metálico sonhado por Morales. Mas quando lançou a ideia, em 1901, este arquiteto espanhol radicado no Rio estava antenado com o que de mais moderno a revolução industrial havia legado ao mundo para melhorar o desempenho das cidades.
Adolfo Morales de los Rios (1858-1928) havia estudado arquitetura na ÉcoledesBeauxArts de Paris e começado a cursar engenharia em Madri, na Escuela TécnicaSuperiorde Ingenieros deCaminosCanales yPuertos. Ao chegar ao Brasil em 1890, com 31 anos de idade, procurou transpor para o Rio de Janeiro, de feições ainda coloniais, as “vantagens do progresso” que havia aprendido e vivido no continente europeu.
A prancheta deste arquiteto vivia repleta de projetos e estudos sobre os mais variados temas, o que acabou fazendo com que se tornasse uma figura ímpar no cenário intelectual carioca na virada do século. Propôs planos urbanísticos de remodelação da cidade: a construção de mercados modelos e de um mercado central; novos desenhos de bondes para a Companhia Carris Urbanos do Rio de Janeiro; a criação da Fábrica Hispano-Brasileira de Fundições, para produzir ferro trabalhado, material tão necessário nas construções. A ideia era instalar altos-fornos em Minas Gerais e escoar o produto pela Estrada de Ferro Central do Brasil. Como ele pensava em todo o ciclo, também indicou a criação de um porto na Ilha do Governador. Dentre os projetos de ferrovias que desbravariam o país, propôs a estrada de ferro que ligaria o Xingu ao Paraguai e a Bahia-Minas Gerais.
Se estas ideias aparentemente visionárias não