Administração
O ano do bônus zero
Uma pesquisa exclusiva EXAME/ Hay Group mostra que um em cada cinco presidentes de empresas no Brasil não ganhou neste ano um único centavo como recompensa pelos resultados de 2008
Germano Lüders
Edmond, ex-presidente da AmBev e Amaral, da Gafisa (da esq. para a dir.): eles ficaram sem bônus em 2009
Por Ana Luiza Herzog e Cristiane Mano | 06.08.2009 | 00h01
Pouca gente acompanhou tão de perto e com tanto entusiasmo o crescimento da economia brasileira nos últimos anos quanto os principais executivos de grandes empresas instaladas no país. À medida que as vendas e os lucros das companhias que comandavam se multiplicavam, eles viam aumentar a bolada que ganhavam como remuneração variável -- numa lógica meritocrática que, a despeito de algumas imperfeições, estabeleceu cada vez mais uma relação entre resultado e recompensa. Mas o final de 2008 foi marcado pela explosão da crise mundial e as metas e o desempenho da maior parte dos negócios -- que até então só faziam crescer -- foram uma de suas primeiras vítimas. Sem resultado, sem recompensa. Essa é a lógica -- pelo menos no Brasil. O que se viu no primeiro semestre deste ano foi uma temporada de bônus das mais fracas. O caso mais expressivo é o da fabricante de bebidas AmBev, famosa pela agressividade com que costuma premiar seus executivos pelos resultados atingidos. Se as metas são batidas, os cerca de 200 profissionais que são sócios da empresa -- todos acima de alta gerência -- chegam a ganhar até 18 salários extras por ano. Desta vez, porém, depois de cinco anos consecutivos em que levaram a recompensa, nenhum deles ganhou sequer um centavo de bônus -- e isso incluiu o carioca Luiz Fernando Edmond, à época presidente da cervejaria. (Desde janeiro deste ano, Edmond está à frente de outra empresa do grupo, a Anheuser-Busch, nos Estados Unidos.) Embora as vendas tenham crescido 5,3%, alcançando 13 bilhões de reais, a AmBev ficou aquém das metas estabelecidas um