Administração
Aspectos contemporâneos do debate sobre reforma da administração pública no Brasil: a agenda herdada e as novas perspectivas Caio Marini
Brasília, Julho de 2003. Professor e Consultor Núcleo de Administração Pública Fundação Dom Cabral cmarini@fgvmail.br ... o inicio, o fim e o meio. Raul Seixas – Paulo Coelho 1. INTRODUÇÃO As experiências recentes de reforma da administração pública no Brasil e no mundo são, ainda, uma história de final aberto. Duas variáveis são fundamentais quando se trata de implementar programas de mudança na administração pública: a governabilidade e a governança1. A primeira diz respeito às condições de legitimidade de um determinado governo para empreender as transformações necessárias, enquanto que a segunda está relacionada à sua capacidade de implementá-las. Tarschys2 (2002), ao buscar uma compreensão sobre o significado de governança, recorda a obra de Ambrógio Lorenzetti, que no século XIV “imortalizou” a essência do (bom e mau) governo ao ilustrar cenas do cotidiano tanto na cidade como no campo: “... na parede que representa o bom governo, uma combinação de alegorias e cenas da tranqüila vida diária, ilustram como a concórdia e o trabalho diligente podem trazer riqueza... na parede oposta a miséria do mau governo, marcada por rixas, crimes, crueldades e violência”. A presença ainda freqüente destas cenas na realidade atual estimula a produção de interessantes especulações que animam o debate contemporâneo. Afinal, o que significa um “bom” governo? Ou, o que determina a qualidade da gestão pública? Fazendo um paralelo com a gestão empresarial, durante muito tempo a literatura especializada neste tema dedicou espaço importante tentando motivar os executivos sobre a importância da formulação estratégica como forma objetiva de lidar com as incertezas e complexidades do contexto de atuação das organizações. Embora