abuso sexual
ARTIGO ORIGINAL
Victoria Lidchi
O processo de entrevistar em casos de abuso sexual. Parte I: entrevistando menores vítimas de abuso sexual
INTRODUÇÃO
Nos últimos 15 anos desenvolveu-se um consenso sobre o processo e as técnicas que devem ser utilizadas para entrevistar menores vítimas de abuso e maus-tratos. Existem pautas que os profissionais podem seguir para entrevistar menores vítimas de abuso sexual(1). O desenvolvimento dessas estruturas está relacionado com a importância da informação obtida durante as entrevistas, para determinar se houve ou não abuso sexual quando não se têm sinais físicos do acontecimento.
Para se fazer uma entrevista adequada e interpretar tanto os comportamentos do menor quanto o conteúdo falado, o profissional deve ter experiência em trabalhar com menores e capacitação básica para entrevistar casos de abuso sexual.
ASPECTOS IMPORTANTES PARA
SE ENTREVISTAR MENORES
Para profissionais que pretendem entrevistar menores, é útil procurar entender alguns aspectos do desenvolvimento da criança e do adolescente, incluindo processos de raciocínio, atenção, linguagem e memória(2). Estudos psicológicos mostram que menores, particularmente crianças pequenas, são influenciados pelas sugestões dos adultos(3).
Entrevistados muitas vezes, eles podem reconstruir
Psicóloga clínica; terapeuta familiar; mediadora (áreas de especialização incluem maus-tratos e abuso sexual, pediatria e saúde pública); membro do conselho executivo da International Society for the Prevention of Child Abuse and neglect
(ISPCAN); coordenadora do projeto ISPCAN/ITPI-CEIIAS, no Brasil.
volume 1 nº 3 setembro 2004
eventos que não aconteceram e, depois de um tempo, esquecer os acontecimentos importantes.
Entender o efeito de um trauma sobre esses processos cognitivos é também importante. Por exemplo, as crianças e os adolescentes se protegem distanciando-se dos eventos traumáticos, ou seja, dissociam-se. O processo