Abund ncia e Pobreza

SARLO, Beatriz. Cenas de uma vida pós-moderna. Rio de Janeiro: UFRJ,1997.

Rogério Saldanha

Logo no início da obra a autora questiona a cena da vida pós-moderna, dizendo que as identidades não se quebraram, mas, sim, ganharam lógicas do mercado. O mercado unifica e nos propõem linguagens para usufruí-lo, esta lógica se dá pelo consumo. “sonhamos com as coisas que estão no mercado” (p1). Seguindo ela afirma: Hoje o sujeito que pode entrar no mercado, que tem dinheiro para investir nele como consumidor, é uma espécie de consumidor às avessas.
Uma vez adquirida a mercadoria perdem seu valor, sua alma. É este processo de compra das “almas” das mercadorias que formam as identidades. A identidade, deste modo, é transitória afeta tanto aos colecionadores às avessas quanto aos menos favorecidos, que ela chama de colecionadores imaginários. Ambos pensam que a mercadoria dá ou daria algo que lhe é necessário, mas não no nível de posso, mas no nível de identidade. Ou seja, sou aquilo que consumo. O sentimentalismo é uma maneira de colecionar as emoções, os produtos “velhos”. Por vezes, o sentimentalismo pode salvar os objetos da desaparição: guardam-se as camisetas de um time de futebol, os vestidos de casamento, o primeiro boletim escolar. Outro ponto a se destacar é que a realidade pós-moderna se caracteriza pela fragmentação, em processo de veloz metamorfose.
O jovem é caracterizado pelas “mascaras” que coloca, através das roupas, por exemplo. Ela reflete que o jovem marca sua identidade pelo que consome, num espaço de consumo Os shoppings se definem como espaços desterritorializados, espaços de não pertencimento. Todos os shoppings centers se parecem e são lugares sem orientação e onde o tempo é suspenso. Não se distingue dia e noite e geralmente não há relógios à mostra. Diferentemente do flâneur que se perdia pelas ruas e galerias de Paris, como chama a atenção Walter Benjamin, o frequentador dos shoppings atuais encontra nele uma vertente da cidade que não vê