Abertura lenta, gradual e segura

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Depois de anos de “cerrada” repressão, a segunda metade dos anos 1970 pareceu finalmente prometer dias melhores aos democratas. Já em 1974, ao iniciar seu governo, Ernesto Geisel (o novo ditador) afirmou que a “abertura” ocorreria, mas de forma “lenta, gradual e segura”. Parecia haver de fato um interesse de mudanças por parte do grupo no poder, mas certamente a “abertura” projetada por eles não era a mesma que andava pelas cabeças e pelas bocas dos oposicionistas de todo o tipo – militantes partidários, sindicais, comunitários, religiosos, de movimentos de minorias políticas, entre outros. Alguns destes movimentos e partidos atravessaram toda a ditadura organizados – mesmo que de forma residual. Outros, apenas naquele momento de leve distensão iniciaram sua reconstrução – mas nunca da mesma maneira que no pré-1964 (já que as condições haviam se modificado profundamente).
O “projeto” do regime era de uma “abertura” pelo alto, motivada em boa parte pela consciência das transformações na sociedade brasileira e na conjuntura internacional (a crise econômica mundial e as pressões protagonizadas pelo Governo de Jimmy Carter nos EUA), e da necessidade de autopreservação.
Abertura lenta, gradual e Segura
O presidente Geisel revogou o AI-5, prometeu a volta à democracia, mas impôs condições e exigiu salvaguardas que lhe permitissem conduzir o processo. A posse do general Ernesto Geisel e de seu vice, o também general Adalberto Pereira dos Santos, foi cercada de muita pompa, tendo sido transmitida pela TV para todo o país. Ao todo, 89 delegações estrangeiras compareceram à transmissão do cargo, prestigiada ainda pelos presidentes do Chile, general Augusto Pinochet, do Uruguai, Juan María Bordaberry, e da Bolívia, general Hugo Banzer Suárez.
Bem ao seu estilo, o novo presidente fez um discurso breve, com onze parágrafos, nos quais não constava nenhuma alusão aos seus objetivos. Suas metas, porém, eram bem definidas. Entre elas, a de recolocar o país no caminho da

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