aarte
O BARROCO NO BRASIL
GREGÓRIO DE MATOS E VIEIRA
José Pereira da Silva (UERJ)
PRELIMINARES
O século XVII marca uma fase de intensa renovação no Brasil, não apenas do ponto de vista literário, mas também no aspecto social e econômico.
A centúria anterior assistira ao apogeu de Pernambuco, tão rico com os seus engenhos de açúcar, que o padre Fernão Cardim, ao ver os cavalos com arreios enfeitados a ouro, ao contemplar as sedas e os veludos com que se vestiam os nobres senhores de engenho, declarou que em Olinda e Recife havia mais luxo e vaidade do que em
Lisboa.
A partir de 1600 o prestígio econômico e social caberá à Bahia.
Sede do governo geral desde 1549, centro da vida administrativa e jurídica da colônia; orientadora da vida religiosa, graças à posse do primeiro bispado; enriquecida com os engenhos que se espalhavam pelo Recôncavo, a Cidade do Salvador, sede de um seminário onde se formavam os maiores espíritos da época, cresceu em fama, riqueza e projeção, a tal ponto que a ela vieram ter os holandeses quando da primeira invasão. Ao mesmo tempo, por motivos vários, cresce a importância da colônia de que Portugal tanto se descuidara no século anterior. A criação de gado começa a estender-se nos chapadões do Nordeste; o bandeirismo, quebrando a linha de Tordesilhas, amplia o território nacional; as minas, de pedras ou de metais preciosos, espalham aventureiros pelos sertões; o espírito nativista apura-se nas lutas que as três raças irmanadas – o branco, o índio o negro – sustentam contra o estrangeiro invasor, mesmo desamparadas da metrópole – começa a forma-se a aristocracia rural que será o esteio da unidade brasileira no futuro.
SOLETRAS, Ano V, N° 09. São Gonçalo: UERJ, jan./jun.2005
121
DEPARTAMENTO DE LETRAS
Literariamente, a colônia, embora ainda pobre de letras, será envolvida pelas irradiações do culteranismo42, que se espalha por todo o mundo, tomando nomes diversos em cada país: