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Tonhão tem um primo, o Tonho, que é lá das Minas Gerais, que de vez em quando aparece por Águas Claras. Curiosamente as aparições dele coincidem com a gravidez de uma ou outra moçoila lá no Mato Dentro, mas ele não toca no assunto, afinal, mineiro come quieto.
Tonho gosta do Sul porque ninguém fala o seu nome errado. Ele chega a ficar irritado quando lhe chamam de “Tõe”. Mas seu sotaque não nega que ele tem os dois pés muito bem fincados na roça, e mesmo caprichando para não engolir sílaba, de vez em quando escorrega um “lidileite” ou “nossinhora”.
Quando vem ao Sul, Tonho não gosta muito de andar com seu primo Tonhão (passarinho que acompanha João de barro vira servente de pedreiro), mas com o dinheiro curto, igual coice de porco, de vez em quando ele tem de acompanhá-lo primo, mas não o ajuda em suas trapalhadas (não sou lagoa pra refrescar bunda de pato).
Para não ficar parado e também ganhar algum dinheiro, Tonho faz uns biscates, e sempre se empenha para fazer o serviço bem feito, no agrado de quem pediu, pois segundo ele, se chover na horta do patrão, garoa na sua (uma variação do patrão rico, empregado remediado). Mas tem dia que ele sente uma preguiça danada, mas logo justifica:
- Acordei cansado... Sonhei que tava debulhando milho.
Mesmo assim ele trabalha, e não é igual ao Tonhão, que vive pedindo para o mundo acabar em barranco, para morrer encostado.
Tonho não fala muito quando está visitando o sul (touro no pasto do vizinho é vaca), mas fica sempre muito esperto em tudo que está acontecendo à sua volta. Procura não se envolver, fazendo de conta que certos assuntos nem são com ele, se fingindo de leitão para mamar deitado.
Mesmo fazendo visitas frequentes a Águas Claras, Tonho ainda olha as pessoas com desconfiança. Outro dia Tonhão estava de saída para uma festa no Rancho Alegre e convidou o primo, que preferiu ficar em casa.
Assim que Tonhão saiu Tonho logo começou a matutar:
- O primo pensa que me engana... Disse que vai