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Como desarmar a violência policial?
04/03/2004 - 12:47 - Michel Misse*
É sabido o quanto tem aumentado o número de pessoas mortas pela polícia no Brasil nos últimos anos.
Essas mortes não são classificadas como crimes, mas como resultado de operações legais de segurança, registradas como “autos de resistência”. Os números do Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, são impressionantes:

Para que se tenha uma idéia, basta dizer que nos Estados Unidos, em todo o ano de 2001, foram mortos pela polícia menos de um terço dos civis mortos pela polícia fluminense em 2003. Por que toda essa violência? Como desarmá-la sem desarmar a polícia? Não é fácil responder a questões como essas sem pesquisas e conhecimento acumulado. Aqui vou oferecer apenas um rascunho do problema.
Desde a criação dos chamados “esquadrões da morte”, ainda nos anos 50, a fama de violência da polícia carioca e fluminense só fez crescer. São inúmeros os relatos que confirmam que não apenas a polícia mas uma parte significativa da sociedade fluminense sempre acreditou que torturar e matar bandidos era uma solução para a criminalidade. Ao aumento das soluções violentas, muitos bandidos responderam com mais violência. A desvalorização da vida humana, implícita nessas idéias, contribuiu sem dúvida alguma para essa espiral de violência, que também atinge cada vez mais policiais – foram 160 os que morreram assassinados apenas no ano passado no Estado do Rio de
Janeiro.
Há uma reconhecida correlação entre violência, corrupção e impunidade. A indiferença da sociedade pela sorte dos bandidos acabou por tornar os bandidos indiferentes à sorte de suas vítimas potenciais e indiferentes mesmo à sua própria vida. À impunidade de policiais violentos e corruptos somaram-se os mesmos fatores que fazem os bandidos: a cultura do machismo, o ethos da guerra, a valorização da força física e da tecnologia da rapidez e da resistência (nos carros), do alcance e da letalidade (nas armas), do domínio e da

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