90 Anos da semana
Acervo Fundação Energia e Saneamento
Também conhecida como Semana de 22, a Semana de Arte Moderna completa 90 anos no dia 13 de fevereiro. E, mesmo depois de nove décadas de sua realização, o evento que colocou a produção artística brasileira em pé de igualdade com a internacional ainda causa impacto.
Quando, na década de 20, artistas e intelectuais como Di Cavalcanti, Graça Aranha e Oswald de Andrade se organizaram em São Paulo para lançar um movimento que transformaria a maneira de fazer arte — antes muito acadêmica e elitista —, uma das intenções era chocar.
Durante três dias, eles ocuparam o Teatro Municipal com uma exposição de aproximadamente 100 obras, composições de Villa-Lobos e leituras de poesias e textos. Essa manifestação, aliás, foi a que provocou uma das maiores reações negativas da plateia na segunda noite de apresentação, quando foi lido "Os Sapos". O poema de Manuel Bandeira satirizava o Parnasianismo.
“Pode-se dizer que um dos legados da Semana de Arte Moderna é o interesse pela experimentação. Hoje, ao contrário daquela época, é muito difícil surpreender, mas essa atitude artística de tentar algo diferente permanece", analisa a historiadora da Arte e doutora pela FAU/USP Maria Alice Milliet.
Dessa experimentação também colhemos outros frutos, como a intersecção das diferentes formas de arte. "Uma das características da contemporaneidade é o rompimento das barreiras entre a literatura, a música, a pintura, o cinema", conta o museólogo Fábio Magalhães.
Para Ana Magalhães, professora Doutora da Divisão de Pesquisa em Arte, Teoria e Crítica do Museu de Arte Contemporânea da USP, outra contribuição foi a projeção que o trabalho artístico brasileiro ganhou com o movimento modernista. "Justamente por essa internacionalização, os artistas daquela época criaram conceitos plásticos vistos até hoje. Os traços do Modernismo na arquitetura brasileira atual, por exemplo,