88b CapitalMercantil
7030 palavras
29 páginas
DE VOLTA AO CAPITAL MERCANTILLuiz Carlos Bresser-Pereira
In Maria Angela D'Incao, História e Ideal:
Ensaios sobre Caio Prado Jr.. São Paulo,
Brasiliense, 1989: 279-297.
Abstract. This paper in honor of Caio Prado Jr. praises his application of the concept of mercantilist capitalism to understand the Brazilian colonization, and the pre-1930 independent period, but criticizes the affirmation that Brazil would remain mercantilist such till 1986, when he publishes A Revolução Brasileira – the central work to the ‘functional-capitalist’ interpretation of Brazil. Third, it applies the concept of mercantilist capitalism to criticize the clientelist (patrimonial, mercantilist) policies adopted by the Sarney administration after the failure of the
Cruzado Plan.
Caio Prado Júnior foi o grande intérprete do capitalismo mercantil brasileiro.
Ninguém analisou melhor do que ele a natureza do Brasil colonial, ninguém demonstrou com mais clareza como a formação colonial brasileira marcaria e definiria a economia e a sociedade brasileiras até a segunda metade do século
XX. Utilizando de maneira pioneira no Brasil o instrumental teórico do materialismo histórico, ao mesmo tempo em que recusava qualquer tipo de ortodoxia, Caio Prado desenhou nos anos 30 e 40 o grande quadro do subdesenvolvimento brasileiro baseado no capital mercantil, que se manifestou no Brasil e nas demais regiões tropicais da América, através da colonização de exploração e não da colonização de povoamento.
A análise das raízes do subdesenvolvimento brasileiro torna Caio Prado, além de eminente historiador, um dos fundadores do pensamento econômico brasileiro. Por isso, quando em 1980 foi fundada a Revista de Economia
Política, Caio Prado foi considerado um de seus patronos, ao lado de Celso
Furtado e Ignácio Rangel.
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Caio Prado recusou-se, entretanto, a reconhecer a emergência do capital industrial no Brasil a partir dos anos 30. Em seu memorável ensaio de 1965, A
Revolução Brasileira, escrito portanto