80 01
A APANHA DE ALGAS NA ILHA DA ÍNSUA (CAMINHA)
NOS SÉCULOS XVII-XIX.
SINGULARIDADES E CONFLITOS
JOÃO PAULO CABRAL 1
Resumo – A apanha de algas marinhas na costa noroeste de Portugal continental foi, desde a Idade Média até ao século XIX, uma actividade importantíssima. Esta actividade encontra-se bem documentada para a região entre Viana do Castelo e Porto, mas são escassas as informações referentes ao restante litoral.
No Arquivo Distrital de Braga existe um conjunto valioso de manuscritos inéditos sobre o mosteiro franciscano da Ínsua, e sobre a apanha de algas na ilha no passado. Da análise destes documentos, e do estudo da flora de macroalgas da ilha no presente, foi possível concluir que a apanha de algas na Ínsua nos séculos XVII-XIX não era livre como no restante litoral, mas estava subordinada a uma autorização expressa do guardião do convento, que em troca recebia esmolas dos apanhadores. Não podiam ser recolhidas aos domingos e dias santos, não podiam ser apanhadas por mulheres, nem os homens podiam permanecer na ilha durante a noite, devendo regressar a terra ao escurecer. Recolhiam-se as algas deixadas na praia na maré baixa, mas provavelmente também se procedia ao corte das
Fucáceas deixadas a descoberto na maré vazia. Estas singularidades da apanha de algas na Ínsua foram explicadas como provavelmente resultantes do direito de posse de todos os recursos naturais da ilha pela comunidade franciscana, conferido pela Coroa, e de dificuldades económicas da comunidade franciscana derivadas da desvalorização da ordinária da Coroa.
Palavras-chave: Sargaço, algas, Ínsua, franciscanos, Portugal, séculos
XVII-XIX.
Abstract – SEAWEED GATHERING ON ÍNSUA ISLAND (CAMINHA) IN THE 17TH TO 19TH
CENTURIES. SINGULARITIES AND CONFLICTS. Seaweed gathering along the northwestern coast of mainland Portugal constituted, from the Middle Ages to the 19th century, an extremely important activity. This is well documented for the region
located