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ANTROPOLOGIA E EDUCAÇÃO:
Consensos e dissensos
Valdir Aragão do Nascimento
Segundo a professora Ana Lúcia Valente (1997) “a antropologia e a educação, por serem ciências humanas, encontram fácil e imediatamente a base comum sobre a qual constroem suas reflexões, isto é, o homem e seus embates para fazer valer a sua natureza, distinta de outros animais”. Tal assertiva suscita as seguintes indagações: em que medida se entrelaça a Antropologia e a Educação nos dias atuais? Há espaço para o diálogo? É fato que os representantes dos dois campos do saber não se entendem; como observado por Gusmão
(1997) quando assevera que a Antropologia e a Educação constituem hoje, um campo de confrontação em que a compartimentação do saber atribui à primeira a condição de ciência e à segunda a condição de prática. Dentro dessa divergência primordial, profissionais de ambos os lados se acusam e se defendem com base em pré-noções, práticas reducionistas e muito desconhecimento.
A relação entre as áreas de conhecimento da Antropologia e Educação ainda é pouco explorada pelo âmbito acadêmico brasileiro, apesar de o diálogo entre a antropologia e a educação remeter-se a uma antiga e muito importante questão a respeito do homem e seu
Bacharel em Ciências Sociais (UFMS), Mestrando em Antropologia (PPGAnt/UFGD). E-mail:
33valdir@gmail.com
Cadernos do LEME, Campina Grande, vol. 4, nº 2, p. 54 – 68. Jul./Dez. 2012.
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ANTROPOLOGIA E EDUCAÇÃO – VALDIR ARAGÃO DO NASCIMENTO
processo de aprendizagem. No Brasil, foi a partir da década de 80 do século XX que se começou a pensar que entre a Antropologia e a Educação poderia ser construído um importante diálogo científico e cultural (Valente 2003). Juntar Antropologia e Educação – numa dialogia que resulte em uma possibilidade de encontros e esforços em um objetivo comum – constitui tarefa realmente hercúlea, dadas às especificidades das disciplinas em questão e as tensões entre o