631723 A Aula Como Divertimento

A aula como divertimento

É comum ouvirmos de alguns alunos e no meio acadêmico em geral a frase: “A aula dele
(a) é ótima, você ri e se diverte o tempo todo!” Essa simples afirmação que parece apenas um comentário elogioso, pode evidenciar a ideia de que uma aula só é boa se for divertida.
De um lado, estudantes formados no que poderíamos chamar de “hedonismo pedagógico”, quase sempre veem a sala de aula como mais um espaço para o divertimento e a espetacularização. Do outro, professores, subvertidos à condição de animadores, acabam por ceder a essa onda tendo sempre em mente em suas falas e ações apenas a busca do mais aprazível. Nessa ótica, o esforço, a concentração, o exercício em seu sentido mais trivial e o foco em compreender, cedem lugar à piada descontextualiza, às futilidades ou ao trabalho rasteiro e repetitivo que, por ser prazeroso e estar na moda, vira propaganda de si mesmo como o mais novo recurso pedagógico “plugado” na realidade dos alunos.
Parece que deveríamos sempre oferecer o conhecimento junto com uma doce bala de coco, de preferência colorida e com uma língua de sogra acompanhando.
A aula é um espaço único no processo educacional. Lugar da fala e do olhar, é também solo fértil onde nascem muitas de nossas dúvidas e certezas. Uma boa aula não tem a obrigação de divertir como o teatro, uma sessão de cinema ou o show de sua banda predileta. Uma boa aula precisa conectar-se à realidade do estudante e ao seu contexto social sem abrir mão de seus objetivos. Caso contrário, corremos o risco de, daqui a algum tempo, precisarmos começar nossas aulas dizendo: “Respeitável público!”

Prof. Fernando M. Placides
PUC Minas