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Sofrimento, Violência e LoucuraAlmira Correia de Caldas Rodrigues1
A tragédia que aconteceu no dia 7 de abril/2011, na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo/Rio de Janeiro, tocou o país e ganhou notoriedade internacional. Um jovem de 23 anos entra na escola em que estudou por vários anos, mata doze adolescentes e deixa outros doze feridos; baleado pela polícia, suicida-se. A violência choca a todos, principalmente pelo fato de que: as vítimas são crianças; o assassinato foi em massa e aconteceu em uma escola; não existe relação direta entre o agressor e as vítimas; o ato cruel ficou exposto e visível. A dor das famílias atingidas por este ato insano é uma dor de todos nós. Impossível não nos perguntarmos: Por quê? A tragédia poderia ter sido evitada? Temos condições de nos prevenir para que outras semelhantes não ocorram mais? Como elaborar o trauma das crianças que sobreviveram e das famílias enlutadas?
Esta tragédia, infelizmente, condensa tantas outras que ocorrem cotidianamente no Brasil. Crianças morrem todos os dias por falta ou precariedade de atendimento de saúde e de segurança pública, e também pelas chamadas “balas perdidas”. Jovens são privados de oportunidades de estudo, trabalho e cultura e encontram na marginalidade uma forma de sobrevivência. Afora a violência institucional, a violência entre pessoas atinge níveis extremos: violência doméstica contra crianças e idosos; violência contra mulheres – estima-se que mais de dois milhões de mulheres sejam espancadas anualmente no país; violência sexual de adultos contra crianças e adolescentes, especialmente meninas. Uma das feições da violência interpessoal é a mortalidade por causas violentas, entre pessoas do sexo masculino, na faixa etária dos 15 aos 39 anos – quase quinhentos mil mortos, entre 1995-2008, no Brasil. Cabe apontar, ainda, as agressões sofridas por diversos grupos sociais, perseguidos e destratados pela condição de sexo/gênero, sexualidade, étnico-racial,