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1582 palavras 7 páginas
A JORNADA MATA ADENTRO Em Xingu, o diretor
Cao Hamburger recria a trajetória épica dos irmãos Villas Bôas, da excitação dos primeiros contatos com os índios ao dilema de não mais poder conter o avanço que haviam ajudado a iniciar Em 1943, quando Cláudio, Leonardo e Orlando Villas Bôas se juntaram à expedição Roncador-Xingu para desbravar a imensidão do Oeste brasileiro, seu desejo era lançar-se no desconhecido.
Logo veio o medo: cercados de índios durante as noites, ouvindo gritos e entrevendo flechas apontadas para si, os irmãos experimentaram, no século XX, o sobressalto que os descobridores haviam vivido na costa no século XVI. Depois, a partir dos primeiros contatos com os índios, sobrepôs-se a excitação de estar onde nenhum branco chegara antes e descobrir um Brasil primordial, abrir pistas de pouso no meio do nada, viver a vida frugal da mata.
Essa inocência, porém, durou só até a primeira epidemia de gripe a varrer os
índios recém-contactados. Nas décadas seguintes, Cláudio e Orlando (Leonardo deixou cedo a expedição e morreu em 1961), criadores do Parque Nacional do Xingu e indisputadamente os maiores sertanistas brasileiros, se dedicaram a ser a vanguarda do avanço inevitável para proteger as tribos no caminho deste, e para tentar regular esse avanço.
Seu sentimento, aí, já se tornara de obstinação, missão e um quê de amargura. Esse percurso descrito em Xingu (Brasil, 2012), do diretor Cao
Hamburger, já em cartaz, é o de uma jornada heroica, na acepção do termo: vai do chamado à aventura até a síntese de tudo o que ela representou – o primeiro avistamento dos kranhacarores, que no início dos anos 70 se acreditava serem a
última tribo ainda isolada.
Minucioso na pesquisa e majestoso na realização, Xingu sobretudo reapresenta à plateia o gregário, político e pragmático Orlando (Felipe Camargo) e o idealista, irredutível e complicado

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