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1993 palavras
8 páginas
G AYLE FORMANTradução
Amanda Moura
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7h09
Todos pensam que foi por causa da neve. E, de certa forma, creio que estejam certos.
Hoje de manhã acordei e deparei-me com um cobertor branco de neve cobrindo o nosso jardim. Não chega a medir três centímetros de espessura, mas, nesta região de Oregon, um simples grão de poeira faz com que tudo pare enquanto o único trator limpa-neve do município trabalha para limpar as estradas. São gotas que caem do céu — e caem, caem, caem —, mas não é granizo nem flocos de neve.
É neve o bastante para cancelar as aulas da escola. Meu irmão mais novo, Teddy, solta um grito de guerra quando ouve a rádio AM anunciar que as escolas permanecerão fechadas.
— Teremos neve o dia inteiro! — exclama ele. — Papai, vamos fazer um boneco de neve!
Meu pai sorri e tamborila os dedos no seu cachimbo. Ele começou a fumar recentemente como parte da nova fase em que se encontra, que é retrô, meio anos 1950, Papai sabe tudo. Agora ele também usa gravata-borboleta. Nunca sei ao certo se isso faz parte da indumentária mesmo ou se é pura gozação — refiro-me a esse jeito que o meu pai tem de demonstrar que antes era um punk, mas que agora é um professor de inglês —, ou, ainda, se o fato de ser professor realmente o transformou num autêntico conservador. Mas gosto do cheiro de tabaco do cachimbo dele. É adocicado, fumacento e me faz lembrar do inverno e do fogão a lenha.
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GAYLE FORMAN
— Será uma tentativa corajosa de sua parte — diz meu pai a Teddy.
— Mas a neve mal cobriu o chão. Talvez seja melhor pensar numa ameba de neve.
Posso ver que o meu pai está feliz. Basta caírem do céu dois floquinhos de neve para que todas as escolas da região fiquem fechadas, inclusive aquelas onde meu pai leciona para os Ensinos Fundamental e
Médio, o que significa uma folga inesperada para ele também. Minha mãe, que trabalha numa agência de viagens no centro, desliga o rádio e se serve da