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12 páginas
A CRIANÇA E A PSICANÁLISE: O “LUGAR” DOSPAIS NO ATENDIMENTO INFANTIL
Léia Priszkulnik
Instituto de Psicologia - USP
Este artigo relata o caminho seguido pela Psicanálise infantil desde a primeira tentativa de tratar uma criança por meios analíticos realizada por Freud com o pequeno Hans. Expõe os trabalhos de Anna Freud e
Melanie Klein, cujas obras diferem diametralmente sobre a possibilidade de estabelecer com a criança uma relação puramente analítica, e os trabalhos de Françoise Dolto e Maud Mannoni que centram o tratamento na escuta do inconsciente e incluem a posição parental. A partir das linhas de trabalho destas psicanalistas procura refletir sobre a questão de saber se o psicanalista infantil deve ou não receber os pais, ou se estes devem ou não aparecer na cena analítica, valendo-se do suporte teórico da Psicanálise francesa de inspiração lacaniana.
Descritores: Psicanálise da criança. Psicanálise. Tratamento. Crianças.
Família.
A
Psicanálise de crianças surge com o trabalho de Freud sobre o pequeno Hans, relatado no artigo “Análise de uma fobia em um menino de cinco anos” publicado em 1909. Nessa primeira tentativa de tratar uma criança por meios analíticos, ele conta com a colaboração do pai do menino. No citado artigo Freud (1909) afirma:
... o próprio tratamento foi efetuado pelo pai da criança, sendo a ele que devo meus agradecimentos mais sinceros por me permitir publicar suas observações acerca do caso (...). Ninguém mais poderia, em minha opinião, ter persuadido a criança a fazer quaisquer declarações como as dela; o conhecimento especial pelo qual ele foi capaz de interpretar as observações feitas por seu filho de cinco anos era indispensável; sem ele
Psicologia USP, São Paulo, v. 6, n. 2, p.95-102, 1995
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Léia Priszkulnik
as dificuldades técnicas no caminho da aplicação da Psicanálise numa criança tão jovem como essa teriam sido incontornáveis. Só porque a autoridade de um pai e a de um médico se uniam numa só pessoa, e porque nela se