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Lisboa, Portugália Editora, 1966, 167 pp.
No presente volume, a A. reúne seis narrativas: uma pequena novela, "0 Jantar do Bispo" e os contos: "A Viagem", "Retrato de
Mônica", "Praia", "Homero" e "O Homem".
A primeira observação que se pode fazer às narrativas de Sophia de Mello Breyner Andresen é a extrema facilidade com que associa o fantástico e o real e apresenta um clima de lirismo e de simbologia, pouco comuns no conto em geral. Acontece que se trata de uma contista de indiscutíveis méritos e que por isso mesmo desvenda com sua visão sintética e globalizante os problemas das personagens e de seu mundo. De um lado, percebe-se claramente que não há uma fronteira nítida entre a realidade dos elementos palpáveis e a irrealidade dos sonhos, nas narrativas da A. Há uma transição natural das coisas sensíveis para outras apenas presumíveis porque sugestionadoras da consciência. De qualquer maneira, uma atmosfera obscura, pesada, indefinível parece ser nota constante na ficção de S.M.B. A.
Mas, vejamos as narrativas.
"O Jantar do Bispo" constitui uma história em que se destaca evidentemente o processo simbológico, a partir do fato de as personagens principais não terem nome e serem designadas por seus títulos profissionais: o Bispo, o Abade de Varzim, o Dono da Casa, o Homem Importante. Apenas as personagens secundárias têm nome: a velha Joana, as criadas Júlia e Gertrudes e João, o filho do Dono da Casa. O enredo é simples: dada a dissenção entre o Dono da
Casa e o Abade de Varzim, o primeiro organiza uma reunião em sua casa para qual convida o Bispo a fim de tramar a transferência do Abade para outra localidade. Em certa altura da narrativa aparece o Homem Importante, que simboliza o diabo e que naturalmente colaborará nos torpes desígnios do Dono da Casa. O Bispo deixa-se envolver pela trama e como necessita de uma doação para refazer o teto de sua igreja, acaba vendendo-se ao Dono da Casa, concordando
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