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4232 palavras 17 páginas
A CARTA SOBRE O ACHAMENTO DO BRASIL

INTRODUÇÃO
As narrativas que constituem a Literatura dos Descobrimentos e da Expansão Ultramarina apresentam como principal marca distintiva um sistema de referências que acentua a alteridade, na medida em que situam o conteúdo do texto numa realidade completamente diferente daquela que é comum ao narrador e ao leitor, têm um certo carácter mais preciso, mesmo científico, que nos permite a nós, leitores, ter uma visão mais clara e enriquecedora da etnografia de outros povos, por isso, M. Ema Tarracha Ferreira detalha certos aspectos pormenorizados na Literatura de Expansão: «topónimos e antropónimos, nomes de vegetais, de animais, de objectos de uso, de vestuário e de alimentação, de armas e de barcos, assim como de cargos políticos administrativos e religiosos, além de templos e de deuses».1 «As narrativas de viagens, em que o exotismo substitui a fantasia e a efabulação, mesmo nas obras mais objectivas e em que a verdade é rigorosamente respeitada, constituem, portanto, uma das originalidades da Literatura portuguesa, tendo surgido na segunda metade do século XV e prolongando-se pelo século XVII, quando os Descobrimentos marítimos deram lugar às viagens de exploração geográfica por terra.»2
A Carta a ElRei D. Manuel Sobre o Achamento do Brasil é uma relíquia na Literatura Portuguesa, pelo facto de relatar uma viagem e uma vontade dos portugueses de «dar ao mundo novos mundos». Ao longo desta exposição teórica, relativamente ao testemunho escrito de Pêro Vaz de Caminha, vai-nos ser possível notar a riqueza de cada assunto, acerca do qual Pêro Vaz teve o engenho de discorrer. A concretização do trabalho não pretende apenas, ser um roteiro explicativo de leitura da Carta, detalhamos também pormenores mais relevantes guardados no tesouro literário que é a Literatura de Viagens. Assim, ser-nos-á possível mostrar que os portugueses não só foram movidos por um programa de catequese, mas o contacto com os indígenas também era

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