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Capistrano de Abreu e J. F. Turner: a historiografia nacional e a história ambiental
Quando a figura é da notoriedade de Capistrano de Abreu costuma-se dizer: “dispensa apresentações”. Não obstante logo aparece uma série de notas biográficas, em alguns casos detalhadíssimas e, muitas vezes, pouco interessantes. O que fez de Capistrano de Abreu o Capistrano destacado historiador não foi o fato de gostar de ler na rede, nem de andar de roupas amassadas, talvez sim o de ter sido levado – por sua insatisfação e curiosidade intelectual – a ler desmesuradamente, a “provar sorte” no
Rio de Janeiro, a passar seis horas por dia, durante as férias, na
Biblioteca Nacional. Ou, talvez, o que fez de Capistrano um destacado historiador, foi que, numa sociedade marcada “profundamente pela bipolaridade senhor-escravo, ele não fora nem uma coisa nem outra.” Sua família era proprietária de terras; teria sido a rejeição a este mundo paterno que o levou a refugiar-se nos livros.
Em toda trajetória individual existem dados que fazem a biografia intelectual e outros que são curiosidades para antiquários, dispensáveis nestas notas de apresentação. Dado que Capistrano de Abreu era um historiador de ofício, recusamo-nos a
María Verónica Secreto
escrever um anedotário que ele mesmo hoje rechaçaria.1 Um homem que detestava falar de si, da que considerava “pouco interessante vida” (Câmara, 1969: 22). Por isso, este texto não se centralizará na narração de episódios ou curiosidades.
O relevante do concurso no Colégio Pedro II que prestara em
1883 não são os comentários a posteriori de Karl von Koseritz, mas, sim, que para essa ocasião ele escreveu Descobrimento do
Brasil e seu desenvolvimento no século XVI; neste texto destaca-se o tratamento que fez do sertão, tema que perpassou e foi amadurecendo através do restante de sua obra. Tampouco comentaremos como aprendera a ler alemão “o bastante para lê-lo na rede”, nem como essas redes eram trazidas de sua terra natal,