25 Abril
O 25 de Abril de 1974 foi uma revolução muito especial, diríamos mesmo a típica; o nome porque ficou conhecida a «Revolução dos Cravos» Dá por si só uma boa imagem dessa especificidade. Portugal em 1974 era um país atrasado, isolado do contexto das nações (embora formalmente integrado na ONU, na NATO e noutras organizações), último país europeu a manter colónias e a braços com guerras de libertação três delas (Angola, Moçambique e Guiné). Esta situação única devia-se à permanência no poder do regime saído do 28 de Maio de 1926, marcadamente antidemocrático e que foi sobrevivendo, por um lado, pela repressão interna e, por outro, por um conjunto de circunstâncias externas que permitiram a sua manutenção: a vitória nacionalista em Espanha em 1939, a neutralidade durante a II Guerra Mundial (tornada colaborante no final do conflito) e finalmente a «Guerra-fria» que, com o seu espirito maniqueísta, tornou o regime tolerado pelas democracias vencedoras da Guerra. Incapaz de acompanhar a evolução dos tempos, nomeadamente a legitima aspiração dos povos a dirigir os seus próprios destinos, o «eterno» chefe do governo, Oliveira Salazar, não foi capaz, nem de fazer a transição do país para a democracia, nem de prever os conflitos que se preparavam nas colónias africanas. O início da Guerra (Angola1971, Guiné 1963, Moçambique 1964), bem como a conquista de Goa, Damão e Diu pela Índia em 1961, marcou uma viragem na sociedade portuguesa, como que um acordar brutal para a realidade nacional e internacional. Além da tomada de consciência do atraso e isolamento mundial, a falta de debate interno e os custos materiais (mais de 40% do orçamento) e sobretudo humanos tornaram-se gritantes. Paralelamente até para quebrar o isolamento e financiar a guerra, o governo viu-se obrigado a abrir a economia, no país e nas colónias, ao investimento externo, tendo como resultado, em Portugal, uma aproximação à Europa e, em África, o fim do monopólio