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APRESENTAÇÃO
Corpo, pensamento, modernidade: temas para as Humanidades
Nude in Repouse - Alfred Gockel - 1975
A
temática do corpo não é uma novidade nas discussões do que chamamos Humanidades. Trata-se de um tema que em diferentes períodos e perspectivas teóricas esteve e está presente tanto em discursos que o evidenciam como naqueles que se esforçam para colocá-lo em plano secundário. Estas afirmações podem ser ilustradas por meio dos distintos dualismos – como, por exemplo, corpo e alma no cristianismo ou ainda corpo e razão na emergência do pensamento científico – que organizam nossa civilização. A urgência em se (re)discutir o corpo na atualidade se coloca, no entanto, com as mudanças que vivemos na contemporaneidade. Nos discursos das Humanidades, o corpo reaparece como algo a ser interpretado, mas também, como fonte de interpretações. As incertezas e o descontrole que afetam as relações de trabalho, da família, da religião, da política, tão evidenciadas no contexto atual, impõem uma nova atitude nas relações cotidianas, como também permitem um novo olhar frente a questões antes vistas sob a ótica das certezas provenientes das sociedades tradicionais e perpetuadas na constituição da modernidade. Pensar sobre o corpo coloca o desafio de refletir sobre o imponderado, o momento de
“descontrole” que simultaneamente habita e desafia a razão.
TEMAS & MATIZES - Nº 07 - PRIMEIRO SEMESTRE DE 2005
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a p r e s e n t a ç ã o
O corpo ressurge como temática que possibilita, por um lado,
“encontrar” novas possibilidades teóricas, como em sua experiência mediadora com o mundo ou nas possíveis reflexividades geradas no processo de construção das identidades exacerbadas na atualidade. Por outro lado, ele se apresenta como uma fronteira possível de ser dominada pelos indivíduos em um contexto em que a confiança proporcionada pelas antigas certezas parece entrar em processo de crescente corrosão. O questionamento daquilo que parecia