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Janluis DUARTE1
Resumo
Este artigo discute a existência de paralelos entre a bruxaria européia e manifestações correlatas no Brasil colonial, enfatizando as peculiaridades culturais das “bruxas” brasileiras e a atuação das Visitações do Santo Ofício.
Palavras-chave: bruxaria, cultura popular, Inquisição.
A partir do final do século XV até meados do século XVIII, a caça às bruxas instituiu-se na Europa, atingiu seu apogeu e declinou, deixando um rastro de milhares de pessoas processadas, torturadas e mortas. Esses acontecimentos estão diretamente associados a um fenômeno social bastante específico, que os pesquisadores atuais têm chamado com cada vez mais frequência de "bruxaria européia", para distingui-lo de outras manifestações até certo ponto correlatas.
Nossa intenção nesse artigo é discutir brevemente se, no Brasil dos tempos coloniais, esse mesmo fenômeno se manifestou, ou seja: se houve aqui bruxas no sentido que estas eram entendidas na metrópole, e se o temor a elas obedecia os mesmos padrões que podemos encontrar nos casos europeus. Para isso, cabe fazer algumas considerações iniciais sobre o que seria a "bruxaria européia".
A crença em bruxas é um fenômeno universal. Elas surgem, sob variados nomes, em todas as culturas e existem muito poucas variações nos poderes que são a elas atribuídos. Jeffrey
Burton Russell (1993), no entanto, faz uma diferenciação entre aquilo que ele chama de feitiçaria e a bruxaria propriamente dita, estando a primeira associada a crendices e superstições, bem como a determinadas práticas de curandeirismo, de raízes ancestrais, difusas no seio das populações, enquanto a segunda estaria relacionada a um culto organizado, geralmente envolvendo o pacto com o demônio. Eu acrescentaria a essa divisão, para maior clareza, a figura da curandeira ou xamã, que se distinguiria das duas outras classificações por agir, de forma geral, para provocar benefícios e não malefícios, como as duas classes anteriores.
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