2180 8378 1 PB
São Paulo: Contexto, 2000.
Pedro Marques
Doutorando em Teoria e História Literária - UNICAMP
Professor de Língua e Literatura Portuguesa do Programa Teia do Saber pela UNICAMP
Professor da Faculdade Comunitária de Campinas - Unidade 3
Editor do site Crítica & Companhia e-mail: marques@iel.unicamp.br
Um primeiro vôo sobre o livro de Marcos Bagno revela os traçados gerais de seu mapa: arrojo metodológico e paixão pela matéria tratada, características nem sempre bem sucedidas nos estudos com pretensões cientificas. Como o subtítulo antecipa, o argumento é arquitetado na forma de “novela”. O leitor vai se deparar com uma estruturação narrativa à la romance, sobretudo no que o gênero tem de didático.
Notará, inclusive, o toque folhetinesco ao final de cada episódio, quando o autor deixa as conclusões prenunciarem o que acorrerá no próximo capítulo.
Dramatiza-se, mesmo, a missão da sociolingüística talvez o braço mais militante da lingüística - cujas ações práticas e teóricas têm buscado minar as barreiras do preconceito lingüístico nos estabelecimentos destinados à alfabetização e ao letramento.
Se os capítulos funcionam como folhetins, até pelos títulos sugestivos como “Beijo rima com desejo” ou “Quem se alembra de Camões”, as lições da personagem Irene ao correr da narrativa são verdadeiros colóquios. O livro, nesse sentido, apresenta outra característica tão grega quanto os nomes de Irene (paz, no idioma de Homero) e de Eulália (aquela que fala bem, em grego). Nas aulas, encena-se a velha pedagogia processada na obra de Platão: o diálogo que, ao contrário da educação unilateral como a jesuítica ou a nossa
tradicional, pressupõe troca dos saberes entre os participantes. Por isso Irene, à maneira de Sócrates, surge como a mais experiente, professora universitária aposentada, com conhecimento ampliado inclusive de si. Ainda assim, ela expressa modéstia quando aclamada
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