1A leitura Cixous de Clarice Lispector Marilene Nagle 3

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A LEITURA CIXOUS DE CLARICE LISPECTOR
Profa. Dra. Marilene Nagle (Universidade de Leiden)

“… era visible que trataba de convertirlo en una propiedad personal, como si de algún modo Arlt le perteneciera, o mejor, como si sólo él conociera los secretos de Arlt”. (PIGLIA, p. 144)

Vou iniciar esta comunicação com uma citação do livro de Marta Peixoto Passionate fictions – gender, narrative and violence in Clarice Lispector:

“If for Lispector’s oeuvre Cixous’s interest was most opportune, accelerating its translation into French and English and bringing it to wide international renown, for Cixous the discovery of Lispector was equally opportune, impelling her theorizing of écriture féminine and offering an example of a feminine libidinal economy authored by a woman” (p. 40).

Este trecho de Marta Peixoto levanta duas questões que me interessam de perto: a primeira diz respeito à recepção de Clarice Lispector na França e nos Estados Unidos, a segunda refere-se à leitura que Hélène Cixous faz da obra da escritora brasileira.

No que diz respeito à recepção de Clarice Lispector na França gostaria só de assinalar que ela teve o seu início no quadro dos seminários de pesquisa realizados por Hélène Cixous e sua equipe no Centro de Estudos Femininos (fundado pela escritora em 1974) da Universidade de Paris VIII – Vincennes e no Collège International de Philosophie entre 1980 e 1986. É sabido que esses seminários ilustram um trabalho pioneiro sobre a questão de gênero e sua relação com o texto literário. Eles foram reunidos e publicados em alguns volumes na Inglaterra e nos Estados Unidos entre 1988 e 1992 (Writing differences – Readings from the seminar of Hélène Cixous, Oxford, 1988; Reading with Clarice Lispector, University of Minnesota, 1990; Readings – The poetics of Blanchot, Joyce, Kafka, Kleist, Lispector, and Tsvetayeva, University of Minnesota, 1992). Nas “Conversações” que encerram o volume de 1988 (Writing differences, p. 141-5) Cixous insiste na idéia de

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