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A sociedade brasileira, durante o século XIX, passou por transformações que contribuíram para a consolidação do capitalismo, a urbanização e a ascensão da burguesia. A família burguesa que se desenvolveu no processo histórico brasileiro tinha como características o modelo nuclear, a valorização da maternidade e do cuidado com a família. Nesta configuração, um sólido ambiente familiar, o lar acolhedor, filhos educados e esposa dedicada ao marido, às crianças e desobrigada de qualquer trabalho produtivo representavam o ideal de retidão e probidade, um tesouro social imprescindível.
Apesar das mudanças ocorridas na vida social e familiar brasileira, a escola ainda reproduz o modelo de família tradicional, desconsiderando a mulher que trabalha fora do lar, as famílias monoparentais e reconstituídas, mais ainda, ignorando as famílias homossexuais.
Algumas atividades organizadas pela equipe da escola mostraram a maneira como as questões de gênero são compreendidas pelos profissionais de educação que nela atuam. Elas estão incorporadas, naturalizadas e, tratadas como prontas e fixas, sem problematizá-las política e socialmente. Os educadores seguem um cronograma de datas e festas muitas das vezes sem refletir sobre o que de fato estão fazendo. As festas, que nem sempre são discutidas, apenas ensaiadas, trazem as marcas sociais de gênero, do capitalismo e dos eventos escolares sem intenções pedagógicas.
O educador apresenta uma identidade da mulher-mãe aceita e pronta socialmente, ao reforçar objetos, lugares, cores e ao solicitar das crianças determinadas atividades como: pinturas, leitura de textos variados, músicas e peças