13719 16695 1 PBIVANDRA

CARMEN TEREZA COELHO MORENO

Sobre pontes: o imperativo da interdisciplinaridade no mundo das bibliotecas digitais
“Resistir é inútil, você será assimilado.”

1 Ameaça borg, raça cibernética da série Star Trek Next
Generation, apresentada no episódio“O Melhor de Dois
Mundos” (26o episódio da terceira temporada, produzido em junho de 1990).

1

UM PONTO DE PARTIDA PESSOAL ão sou bibliotecária, apesar de ter construído uma trajetória profissional na Biblioteca Nacional; também não sou arquivista, apesar de ser funcionária do Arquivo Nacional; tenho pudores de me declarar como socióloga, apesar de minha graduação em ciências sociais. Por muito tempo, esse dilema de inadequação me assombrou. Até o dia em que percebi que é o que eu não sou que me define profissionalmente.
Quando, ainda cursando ciências sociais, iniciei estágio na então Seção de Manuscritos da Biblioteca Nacional, mesmo sem saber, estava enveredando pelo universo da interdisciplinaridade, conceito que ganharia força nos anos que se seguiriam e cujas implicações constituem o objeto da discussão que pretendo desenvolver no presente artigo.
A despeito das variadas vertentes teóricas que informarão sua construção, abordo a interdisciplinaridade como restauração das pontes que originalmente permitiram o livre trânsito do conhecimento através dos saberes e que, ao longo da modernidade, foram deixadas de lado por força da necessidade de esquadrinhar a realidade na construção de arcabouços teóricos que se planejava estáticos e impenetráveis.

CARMEN TEREZA
COELHO MORENO é coordenadora-geral de Processamento e Preservação do
Acervo do Arquivo
Nacional.

Tais demarcações metodológicas, que resultaram em províncias corporativas, vão progressivamente perdendo a razão de ser à medida que a realidade se torna mais complexa e que profissionais e comunida-

de científica tendem, ou mesmo precisam, tornar-se cada vez mais conscientes do caráter integrado e articulado do saber.
Enquanto me debatia com as dúvidas
que