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2013.
São poucos os autores que se debruçam sobre as problemáticas infantis. Mia Couto parece ser exceção à regra. Em seu último livro, A menina sem palavra: histórias de Mia
Couto, ele centra os contos dessa coletânea no universo infantil. Retrata histórias da infância e as incertezas da mente pueril.
Editado pelo mais novo selo da Companhia das Letras, A menina sem palavra, ficou a cargo da Boa Companhia, marca que caracteriza a reunião de contos selecionados de autores consagrados como Machado de Assis, Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes entre outros.
Os dezessete contos dessa antologia estendem-se sob 157 páginas, acompanhadas de uma descrição da vida do autor ao final e uma introdução que explica o porquê da escolha dessa temática.
Não se pode esquecer de mencionar a arte da capa. Esta merece especial destaque.
Realizada pela empresa se design Retina 78, a arte gráfica traduz exatamente o que o título propõe: Menina sem palavra como título, árvore sem folhas, flores e frutos como estampa.
Identifica-se com essa arte, os problemas enfrentados pelas crianças, isto é, algo que não permite que ajam com naturalidade.
Na apresentação, introduz-se o assunto a ser abordado e antecipa-se a delicadeza com que Mia Couto descreve as suas personagens, em sua maioria crianças e jovens.
Diferentemente dos demais livros do escritor, a denúncia dos atos de violência e miséria é muito mais leve nesses relatos. As histórias, de modo geral, captam a complexidade com que a sociedade e os familiares relacionam-se com as crianças. Há um desnudamento da realidade local: trabalho infantil, crianças impedidas de estudar, minas ativas, verdadeiras armas contra os inocentes e ainda resquícios da luta nacional de Moçambique pela Independência.
Esses aspectos particulares se mesclam às questões que perpassam pelas demais sociedades conferindo à obra um caráter universal, ainda que