127562710507
885 palavras
4 páginas
Crítica por Pablo Villaça Dirigido por Walter Salles. Com: Fernanda Montenegro, Vinícius de Oliveira, Marília Pêra, Othon Baston, Sôia Lira, Matheus Nachtergaele, Stella Freitas, Otávio Augusto.
Central do Brasil tem a simplicidade dos grandes filmes. Tem um início que impressiona e prende a atenção do espectador. Quando nos damos conta, o filme está caminhando para seu final e, neste meio-tempo, já rimos, choramos e torcemos para nossos - reparem o `nossos` - personagens.
Sim, este é um daqueles filmes que conseguem a proeza de praticamente transformar os personagens em nossos amigos pessoais. Nos importamos com eles, choramos por eles, queremos ajudá-los. Se dizem algo de terrível (como Fernanda Montenegro faz, em alguns momentos), tendemos a perdoá-los, a relevar a ofensa. Eles são `de casa`.
O filme conta a história de Dora (Montenegro), uma mulher que ganha dinheiro escrevendo cartas para analfabetos na Central do Brasil. Depois de escritas, as cartas passam pelo crivo da `censura` de Irene (Pêra) e da própria Dora, que julgam quais deverão ser enviadas ou não. É quando a mulher se vê envolvida com o triste destino de Josué (Vinícius de Oliveira), um garoto de 9 anos cuja mãe é atropelada e morta em frente à estação onde Dora trabalha. Agora, Dora se vê irremediavelmente `presa` ao menino, com quem - e em função de quem - irá vivenciar uma bela transformação.
A parte técnica do filme é impecável. A belíssima fotografia de Walter Carvalho, que nos leva do cinzento e angustiante ambiente de uma grande cidade até os claros e refrescantes horizontes das estradas, é um dos fundamentos de Central do Brasil. Associado à comovente (e, em certos momentos, sufocante) trilha sonora composta por Antônio Pinto e Jaques Morelembaum, o efeito visual do filme é realçado, ainda mais enriquecido.
Mas falar da parte técnica de Central do Brasil é como tentar dissecar um quadro que nos comove: o crítico acaba soando frio, pois estamos falando de sentimentos e não apenas