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Assim como nascer, a morte faz parte do processo de vida do ser humano. Portanto, é algo extremamente natural do ponto de vista biológico, mas do ponto de vista psicológico é muito difícil de aceitá-la, pois, ela representa o fim de tudo. O filosofo Focault fala que ‘‘a guilhotina suprime a vida, tal como a prisão suprime a liberdade, ou uma multa tira os bens. ’’ Neste caso pode-se substituir guilhotina por doença, pois a doença faz uma ruptura na vida normal do sujeito, separando-o das suas atividades corriqueiras e lhe impondo novas situações: a possibilidade de substituir prisão pó hospital, onde os dois ambientes físicos há normas pré-determinadas e impostas para a manutenção da ordem; e de multa por tratamento, quando se sabe que nada mais caro ao sujeito do que a saúde. Pode-se então inferir ‘’A doença suprime a vida, tal como o hospital suprime a liberdade, ou um tratamento tira os bens. ’’
Nas últimas décadas, assistimos ao envelhecimento progressivo da população, assim como ao aumento da prevalência de câncer e outras doenças crônicas. Em contrapartida, o avanço tecnológico alcançado principalmente a partir da segunda metade do século XX, associado ao desenvolvimento da terapêutica, fez com que muitas doenças mortais se transformassem em crônicas, levando a longevidade de seus portadores. No entanto, apesar dos esforços dos pesquisadores e do conhecimento acumulado, a morte continua sendo uma certeza e uma ameaça.
Os pacientes fora de possibilidade de cura acumulam-se nos hospitais, recebendo a maioria das vezes uma assistência inadequada, quase sempre focada na tentativa de recuperação, utilizando métodos invasivos e de alta tecnologia. Essas abordagens, ora insuficientes, ora exageradas e desnecessárias, quase sempre ignoram o sofrimento e são incapazes, por falta de conhecimento adequado, de tratar os sintomas mais prevalentes, sendo a dor o principal e mais dramático. Não se trata de cultivar uma postura contraria a medicina