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Parece que certas coisas se mantêm constantes na história. Quando interesses políticos se cruzam com a geografia esta situação torna-se mais pertinente. Veja-se a Península da Crimeia. Localizada no norte to Mar Negro, é um ponto de vantagem sobre toda a região, permitindo acesso a costas de dois continentes. Para Norte e para o Oeste temos as actuais nações europeias da Ucrânia, Roménia e Bulgária, enquanto que para Sul e Este estão as nações asiáticas da Turquia, Georgia e Rússia. A única saída deste mar é o Mar de Marmara (e os respetivos estreitos do Bósforo e dos Dardanelos), que desagua no Mar Egeu, extremidade do Mediterrâneo.
Evidentemente que quem dominar a Crimeia tem não apena suma posição privilegiada sobre o Mar Negro com também sobre o acesso ao mesmo. Por isso mesmo durante séculos os impérios em redor deste corpo de água digladiaram-se para manter domínio sobre a península. Os últimos grandes combates pelo domínio da mesma deram-se na Segunda Guerra Mundial, entre Outubro de 1941 e Maio de 1944, sugando reservas consideráveis à Alemanha e ajudando a decidir o fim do conflito. Mas já antes disso uma batalha muito mais ampla se dera pelo domínio da Crimeia e que acabou por abarcar meio globo. Enquanto que as campanhas da Guerra Mundial fizeram parte de um evento muito maior, a Guerra da Crimeia focou-se no controlo do Mar Negro.
Numa era de Czares e Califas
Em 1853 diversos impérios viam-se numa encruzilhada, num mundo que estava em grande mudança. Uma geração passara desde as Guerras Napoleónicas e a Guerra Civil que mudaria os Estados Unidos da América ainda estava a alguns anos de distância. Na Europa o imperador francês, Napoleão III, sentia que precisava de um evento que lhe permitisse reunir o apoio católico romano e oferecer à França novamente um papel de liderança. Na altura o Império Otomano, muçulmano, dominava os Balcãs, e assumia o Império Russo e a sua igreja católica ortodoxa como dominante sobre as populações católicas sob o seu