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508 palavras 3 páginas
A liberdade de consumir
Apesar de estarem no centro da história, as ONG’s não são as únicas atingidas por “Quanto vale ou é por quilo”. Sobram disparos para praticamente todas as instituições da democracia burguesa. Uma sociedade que é brilhantemente definida pelo personagem de Lázaro Ramos, um bandido extremamente bem-articulado: “a liberdade de consumir é a única e verdadeira funcionabilidade da democracia”.

Todo resto é uma farsa ou pura maquinação que se volta contra o povo, seja com a escravidão nos séculos passados, seja pela manutenção de um exército de miseráveis, hoje presos às correntes da “modernidade”: a fome, o desemprego, a falta de acesso a quase tudo. Uma situação que transforma a população mais carente em meras peças num jogo que envolve entidades desonestas, órgãos governamentais e empresas, que descobriram que é sempre possível lucrar com a miséria.

No filme, a enorme rede de falcatruas surge em uma excelente cena no Teatro Municipal de São Paulo, onde se realiza uma “festa solidária” para homenagear os que se destacaram no setor. Entre um gole de champanhe e uma beliscada no canapé de caviar, “ongueiros” e seus parceiros discutem como se beneficiar das Parcerias Público-Privada, o inflacionamento do valor das propinas pagas aos órgãos públicos e a lucratividade do setor.

Também nessa festa, o personagem de Caco Ciocler, um dos donos da entidade, aproveita para contratar o assassinato de uma líder comunitária que está ameaçando seus interesses. Enquanto isso, mais uma vez, o “povo” é engambelado.

A total falta de perspectiva
Como geralmente acontece nos filmes de Sérgio Bianchi, o povo surge vitimado pela total falta de perspectivas, “escravos sem dono”, encurralados pelo Estado ausente, o assistencialismo corrupto e a violência por todos os lados.

Uma violência apresentada de forma excepcional. Traçando um paralelo entre os negros capitães do mato que capturavam escravos fugitivos (num episódio baseado no conto de Machado de

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