058410910701
9383 palavras
38 páginas
L(E)H, UFF ISSN
2236-‐420X
Breviário de Filosofia Pública O Estoicismo e suas Máximas: Epicteto iEm 1345, quando Petrarca descobriu na Biblioteca Capitular de Verona um manuscrito, até então ‘perdido’, de Cícero com as obras ‘Epistulae ad Atticum, ad Quintum fratrem e ad Brutum’, sua euforia foi imensurável, mas ainda assim, apesar das palavras lhe fugirem, o poeta e humanista italiano esforçou-se para expressar a satisfação de ter encontrado tais textos em uma carta dirigida ao próprio Cícero[1]. Esse evento, longe de ser excêntrico, serve para ilustrar o desejo ardente dos humanistas renascentistas por recuperar o passado Clássico e também tentar dialogar com os grandes homens de outrora. Claro, nada disso seria possível se não houvesse ocorrido a redescoberta dos manuscritos gregos e latinos, uma boa parte deles chegada à Europa somente após os sucessivos saques à Constantinopla, quando da primeira de suas duas ‘tomadas’, em 1204, pelas mãos dos Cruzados Cristãos Romanos[2]. Assim, os humanistas italianos dos sécs. XIV e XV puderam aumentar imensamente o corpus de textos clássicos disponíveis no Ocidente: Petrarca e Poggio redescobriram cerca de metade das obras de Cícero disponíveis hoje, Boccaccio encontrou partes substanciais de Tácito, Salutati construiu uma biblioteca particular em Florença com cerca de oitocentas obras clássicas que foram disponibilizadas para o público em geral, cujas interpretações eram ajudadas por Manuel Chrysoloras de Constantinopla, que ensinava grego[3]. Conforme crescia o contato com obras em língua original, também crescia a necessidade de traduzi-las, primeiramente para o latim, a língua culta européia à época, em seguida para as línguas vernáculas. Ademais, sobre Constantinopla, vale lembrar que desde 1204, mesmo após a retomada bizantina de 1261, o Império estava completamente depauperado e, em 1453, finalmente caiu diante das hostes de Maomé II, propiciando um êxodo ainda maior de